A Argélia tem uma localização geográfica que lhe confere um dos climas mais favoráveis ao cultivo da azeitona. É o que afirma Samir Gani, presidente do Comité Organizador do Concurso Nacional para o melhor AOVE Argelino Apuleius e diretor da feira internacional de azeitonas S.I.O. Med Mag Oliva Argélia, no boletim Juan Vilar.
O setor oleícola é um elo importante na economia, herança e cultura argelina, e muito presente na dieta argelina que salva o país de importar 120.000 toneladas de azeite e 300.000 toneladas de azeitonas de mesa.
A crise económica e a queda do preço do petróleo levaram as autoridades argelinas a optar por uma mudança na sua política e apostar numa olivicultura capaz de gerar um excedente que será destinado à exportação, explica Gani a Vilar. Daí o aparecimento de novas explorações olivícolas e de novos territórios onde o cultivo da azeitona não existia no passado, como no Sahara e nas terras altas que são zonas áridas e semi-áridas.
Este país passou de 190.000 para 500.000 hectares de olival em menos de 20 anos, composto por cerca de 160 olivais autóctones introduzidos de outros países mediterrânicos, com mais de 70 variedades autóctones, das quais 36 já estão aprovadas.
Exportação
O futuro do setor oleícola na Argélia, Gani descreve-o como muito promissor, pois destaca que eles têm uma grande margem de desenvolvimento que, do seu ponto de vista, permitirá que estejam entre os três maiores produtores do mundo.
Para exportação, eles esperam excedentes de produção no futuro. Promover maior consumo a nível local é sua prioridade, mas não será suficiente. Para isso, está a ser realizado um trabalho de otimização de desempenho, melhoria da qualidade, criação de consórcios; além de outras ações, como a despoluição do ambiente de negócios na Argélia, que abrirá as portas ao investimento e à associação com operadores estrangeiros num espírito de benefício mútuo, destaca Gani.
Consumo
O consumo médio de azeite na Argélia é de 2,5 litros por habitante por ano, com picos em certas regiões, como a Cabília, que chegam a 15 litros/pessoa/ano. Da mesma forma, espera-se que este consumo médio aumente nos próximos anos à medida que os preços de venda, que segundo o presidente da Comissão Organizadora Apuleio, não são acessíveis para o consumidor, começam a cair e os consumidores estão cada vez mais conscientes dos benefícios do azeite na sua saúde.
Da mesma forma, ele acrescenta que a oferta, que começa a superar a demanda, pressiona o produtor a reduzir sua margem de lucro.
Destaca-se também a aposta do país na melhoria da qualidade do azeite argelino, através de campanhas de sensibilização, organização de uma exposição internacional especializada, concurso nacional para o melhor EVOO, conferências científicas, formação em degustação e análise sensorial, que os tem levado a uma mudança gradual, mas radical, de tendências, de consumidores comprometidos com a exigência de qualidade, ou seja, o EVOO.